quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sozinha...

   Ela estava sozinha... Estava cercada por uma multidão mas, ainda assim, estava sozinha... Precisava falar, conversar, dizer o que estava sentindo, mas ninguém escutava, ninguém prestava atenção; ela estava sozinha... Ela tentava explicar, mas as pessoas não faziam a mínima questão de entender, enquanto ela fazia o máximo para entender todo mundo...
   Até que um dia ela cansou... Até que um dia ela entendeu que não estava sozinha, que tinha a ela mesma, e que iria perdê-la (ou perder-se) se continuasse ali, cercada por pessoas que a viam, mas não enxergavam, que a escutavam, mas eram incapazes de ouvir... Ela percebeu que precisava se resgatar, então se afastou...
   Ela simplesmente se afastou, não se importou se perceberiam sua ausência, pois sempre quis que notassem sua presença mas eles nunca foram capazes disso... Ela sentiria falta de todos, de qualquer forma, mas era a única maneira de salvar-se... Ela descobriu que era necessário afastar-se de todos para que pudesse aproximar-se de si mesma; ela precisava conhecer quem ela era, descobrir-se, inventar-se...
   E assim ela descobriu seu próprio valor, inventou-se e reinventou-se diversas vezes até que se tornasse quem realmente queria ser, até tornar-se quem ela era de verdade... Hoje ela sabe que seu valor não é medido pelas atitudes dos outros, mas pelas próprias; sabe que sempre é possível encontrar alguém realmente interessado em conversar com ela, em deixá-la falar o que sente, mesmo que, às vezes, esse alguém seja apenas seu diário, ou seu espelho...
    Ela descobriu que nunca esteve realmente sozinha, e então foi capaz de voltar... Poucos perceberam sua mudança, mas ela não se importou, pois aprendeu que a atenção - ou a falta de atenção, que seja - não é realmente importante... Ela aprendeu a se proteger, a conviver sem depender, e agora é capaz de cuidar de si e de quem quer que precise sem medo de perder-se pois
sabe exatamente onde encontrar-se novamente, se necessário...

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